| Ave migratória da América do Norte, onde reproduz-se em uma larga faixa do continente. A maior parte dos indivíduos encontrados no Brasil foram anilhados na costa leste americana, entre os estados da Virgínia e Massachusetts. Embora sua reprodução ocorra exclusivamente no Hemisfério Norte, entre maio e agosto, são observados exemplares durante todo o ano no Brasil. Devido à maturação sexual após o segundo ou terceiro ano de vida, as águias-pescadoras observadas por aqui durante o período reprodutivo devem ser exemplares juvenis. Essa ave foi fortemente atingida pelos impactos negativos dos pesticidas organoclorados (como o DDT e o BHC), usados a partir da Segunda Guerra Mundial na agricultura. Como esses produtos interferem no sucesso reprodutivo e essas aves concentraram-nos, a partir de seu alimento, a águia-pescadora quase foi extinta na década de 60. Com a proibição de seu uso, houve uma forte recuperação populacional, patente na facilidade de observar, atualmente, a espécie em locais onde era desconhecida há alguns anos. Alimenta-se, quase exclusivamente, de peixes entre 150 e 300 gramas de peso, capturados de forma especial. A águia-pescadora fica circulando sobre a água (um rio ou baía), às vezes voando no mesmo lugar (peneirando) até localizar o peixe na superfície ou logo abaixo dela. Nesse instante, baixa, rapidamente, e apanha a presa com as garras dos dois pés. Ocasionalmente, o peixe está em profundidade que a obriga a mergulhar o corpo e cabeça, mantendo as asas fora d’água. Imediatamente após a captura, voa para um poleiro tradicional, onde o mata e come. Para poder segurar bem o peixe, além das garras finas, possui uma série de pequenos espinhos na sola dos dedos, evitando que ele escorregue, devido às escamas e ao muco de proteção. Outra característica anatômica especial é dada pelo quarto dedo dos pés. Enquanto os gaviões possuem três dedos para a frente e um para trás, o mencionado dedo da águia pescadora tanto pode ficar para a frente, como para trás, facilitando a pesca. Seu formato e cores também são exclusivos. Pousada em um galho próximo ao rio, a máscara destaca-se imediatamente (foto). O juvenil é semelhante, com as costas um pouco amarronzadas. Voando, além de se notar a característica distribuição de cores, apresenta uma asa longa, grande em relação ao corpo. Ela é mantida dobrada no meio, como um cotovelo em “V” à frente do plano da cabeça. Por baixo, do cotovelo até as penas longas da asa, possui uma área negra e visível. As batidas são lentas, ritmadas e características. Ocasionalmente, usa as correntes aéreas para vôo alto. A cauda é curta e pouco notável na silhueta de vôo. Pode ser facilmente observada sobrevoando o rio Cuiabá e usa as grandes baías da região sudoeste da reserva para pescar. Como pesca usando a visão para localizar o peixe, necessita de águas claras, característica pouco comum no rio São Lourenço, devido ao sedimento em suspensão, sendo ali rara. Cruzando a RPPN, pode ser vista voando em toda a reserva.
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