| Habitante dos brejos e campos inundáveis do Pantanal, bem como dos remansos rasos dos corixos. Caça, exclusivamente, o grande caramujo pulmonado Pomacea, como o gavião-caramujeiro. No entanto, não fica à espreita, aguardando o caramujo subir à superfície para respirar. Busca ativamente sua presa, caminhando pelo brejo, no meio da vegetação e com água até a barriga. Apanha os caramujos também no fundo d’água. O seu bico, longo e forte, é mais largo na parte final (foto). Após apanhar o caramujo, vai para a margem e dá bicadas poderosas, quebrando a concha e retirando a lesma aos pedaços, ao contrário do gavião-caramujeiro. Dessa forma, encontrando uma concha de caramujo no chão, é possível saber qual ave o predou. O caramujeiro deixa as conchas intactas e caídas sob o poleiro, agrupadas. O carão quebra a concha, geralmente um buraco na parte final (mais estreita) e as conchas ficam espalhadas. Com o regime de subida e descida de águas, possui movimentos no interior da planície pantaneira, ainda não balizados. Quando as águas vão baixando nos campos, grupos esparsos de carão começam a se instalar e seguir a vazante. De longe, parecem todos negros, com o longo bico claro na base e escuro do meio para a ponta. Mais próximo, é possível ver as estrias claras do pescoço, de tom mais claro que o corpo, bem como a cabeça acinzentada. Pernas longas e cinza escuro. A fêmea é um pouco menor que o macho. Quando voa, destaca-se o batimento diferente da ponta da asa. Ela desce rapidamente e sobe com mais lentidão, produzindo um efeito único. As pernas são mantidas esticadas e um pouco separadas do corpo, enquanto o pescoço e cabeça ficam esticados e para baixo. Muito alerta, voa ao menor sinal de perigo. Se a fonte de ameaça está distante, afasta-se caminhando rápido na água rasa, balançando o corpo e movendo a cabeça, ritmicamente. Às vezes, decola do meio da vegetação fechada do brejo, onde estava invisível. Nessas ocasiões (bem como a qualquer momento do dia, ou da noite), emite seu chamado característico. Um grito longo, arrastado, entendido como “carão”. Repete várias vezes, com grande freqüência no crepúsculo. Pode passar a noite nos brejos ou empoleirado em árvores isoladas ou na borda de capões e matas ribeirinhas. Devido a seus movimentos, é visível em toda a área da RPPN, ocupando mesmo os corixos próximos a matas secas. Mais freqüente na região do rio Cuiabá, Riozinho, corixos e baías de sudoeste da reserva.
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