Arara-azul, Arara-una, Arara-preta .
Anodorhynchus hyacinthinus
Período Reprodutivo: ano inteiro
Locais de observação: Cerradão, Mata ciliar rio Cuiabá, Mata ciliar rio São Lourenço, Mata Seca.
Você encontra essas informações na página 105 do Guia das Aves

Em todo o mundo, essa é a maior ave da família das araras e papagaios. Com a cauda, alcança um metro de comprimento de corpo. Seu vôo é muito majestoso, produzindo uma das mais espetaculares visões no Pantanal. Perseguida pelo comércio de aves vivas, foi, igualmente, afetada pelas alterações de ambiente em grande parte de sua zona original de ocorrência no Brasil. Distribuía-se do extremo oeste de São Paulo ao Piauí, por todo o Brasil Central, até o rio Tapajós, na Amazônia. Fora do Pantanal, poucas populações isoladas ainda subsistem.
Ameaçada de extinção, encontra no Pantanal as melhores condições de sobrevivência, podendo ser detectada em vários pontos da planície. Alimenta-se, quase exclusivamente, dos cocos das palmeiras acuri e bocaiúva. Seu bico é tão poderoso que corta o acuri ao meio, um dos coquinhos mais duros existentes. Nutre-se da massa branca interna do coco, onde está o embrião, usando a língua com muita habilidade para retirar seu alimento. Os pés são excelentes auxiliares, ajudando a segurar os coquinhos e manipular o alimento.
O gado também come os mesmos cocos, usando a parte externa, fibrosa. Por não digerir a castanha, é freqüente encontrar a arara-azul junto dos currais ou locais de dormida de gado, catando, no chão, os coquinhos mascados pelas reses. Nos acurizais, apanha o acuri no cacho com o bico, abre-os e come a parte interna, limpando ou não a parte externa. O acuri cresce no interior de capões e cordilheiras, bem como em algumas matas. As araras mantêm-se próximas das áreas tradicionais de alimentação. Muitas vezes, como esses locais mantêm-se secos mesmo nas maiores cheias (o acuri não vive em áreas inundáveis), foram os mesmos pontos escolhidos para as sedes de fazenda. Não sendo perseguidas, ficam próximas às casas, sem problemas. Também gostam de pousar nos saleiros do gado e comer pequenas quantidades de sal.
Os ninhos são construídos em ocos nas árvores de capão e cordilheira, no meio da planície, ou no interior das matas secas. Uma árvore com grande número de ninhos é o Manduvi ou Amendoim-de-bugre Sterculia apetala. Usa, entretanto, também a ximbuva Enterolobium contortisiliquum e a mulateira Albizia niopiodes. Apesar de seu forte bico, a arara-azul aproveita-se de um ninho antigo de pica-pau ou o local onde um galho apodreceu para atingir a parte interna do tronco, menos resistente à escavação. O casal aumenta o ninho a cada ano, produzindo uma fina serragem de cobertura. Sobre a serragem são postos 2 ou 3 ovos, chocados durante cerca de um mês. O choco começa com o primeiro ovo e há um intervalo de postura de 2 a 3 dias entre os ovos. Dessa maneira, há sempre uma enorme diferença de tamanho entre os filhotes nos primeiros dias, decorrente da falta de sincronia de nascimento.
Depois de cerca de 3 meses, o filhote começa a voar. Em geral, um filhote consegue sair por ninho, em um bom ano reprodutivo. Considerando-se toda uma região, o sucesso reprodutivo varia entre os anos, podendo chegar a um extremo de só 10% dos ninhos produzirem filhotes em uma estação. A maior parte dos ninhos está ativa entre julho e dezembro.
Saem dos ninhos com a plumagem semelhante à do adulto. O enorme bico é negro, mesma cor dos pés. Ao redor dos olhos e na base do bico, a característica pele nua e amarela. Como, geralmente, vemos a ave com a luz de fundo, o azul escuro parece negro (veja, na foto, a diferença do peito para as costas), razão do nome arara-preta ou arara-una (una é negro, na língua tupi).
Pode ser observada em qualquer ponto da RPPN, cruzando os ares entre seus pontos de dormida e reprodução, até chegar as áreas de alimentação. Mais freqüentes na parte central e leste, com pequeno grupo na região do rio Cuiabá. Os fortes gritos, arrastados, são ouvidos muito antes de vermos as aves. Além de usá-los no vôo, esses gritos também servem de alarme. Curiosas, aproximam-se, voando, de qualquer intruso e circulam alto, gritando muito. Sociáveis, possuem áreas de dormida comunitárias. Para reprodução, o casal afasta-se do bando e estabelece seu ninho em locais tradicionais, de onde as outras araras são afastadas. Nos bandos em vôo, os casais mantêm-se próximos.


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